Conheça Jaume, da Sateliot
P: Você pode se apresentar e nos contar sobre o início do Sateliot?
R: Sou Jaume Sanpera, CEO e cofundador da Sateliot. Fundamos a Sateliot em 2018, com foco na conectividade. Nosso principal projeto é implantar a primeira constelação de satélites 5G IoT para conectar dispositivos 5G IoT padrão a partir do espaço.
Q: O que motivou essa ideia de startup?
R: A ideia por trás do Sateliot surgiu da observação de um grande contraste na conectividade global. Por um lado, as áreas com conectividade móvel têm acesso fácil e econômico à Internet, o que facilita a vida e as operações comerciais. Nessas regiões, o custo dos dispositivos e da conectividade é baixo, o que levou à conexão de cerca de 5 bilhões de dispositivos.
No entanto, esse não é o caso de cerca de 80% do mundo, onde há pouca ou nenhuma conectividade. Nessas regiões, a conexão de um dispositivo requer um hardware caro, que custa entre 200 e 400 euros, e altas taxas mensais, em torno de 10 a 20 euros. Como resultado, nessas áreas, há apenas cerca de 4 milhões de dispositivos conectados.
Nosso objetivo na Sateliot é abordar essa disparidade. Nosso objetivo é fornecer conectividade a esses 80% do mundo que não a possuem, usando os mesmos dispositivos padrão e econômicos que são usados em regiões mais conectadas. Essa abordagem significa que, mesmo em áreas remotas ou menos desenvolvidas, os dispositivos padrão, que são significativamente mais baratos, podem ter acesso à Internet. Imaginamos um mundo em que a conectividade seja universal, quebrando barreiras e criando uma comunidade global mais conectada.

Por que Plug and Play?
P: Como a Sateliot se envolveu com o acelerador Plug and Play?
R: A Plug and Play, conhecida como uma das maiores aceleradoras do mundo, entrou em contato conosco devido ao seu interesse em IoT e tecnologias espaciais. Eles consideraram nosso trabalho na Sateliot altamente disruptivo e inovador.
P: Como foi o processo de inscrição para o programa Plug and Play?
R: O processo de inscrição foi bastante simples. Respondemos a um questionário e passamos por uma série de entrevistas com especialistas de setores específicos da Plug and Play. Com base nisso, fomos selecionados para fazer uma apresentação em um de seus principais eventos na Califórnia.
P: A participação no programa Plug and Play incluiu financiamento?
R: Não, o programa não forneceu financiamento direto. No entanto, ele ofereceu vários outros benefícios significativos. Tínhamos acesso às suas instalações em Palo Alto, o que era uma grande vantagem. Mais importante ainda, o programa facilitou apresentações para investidores em potencial e ofereceu amplas oportunidades de networking. A vasta rede da Plug and Play foi imensamente benéfica, proporcionando-nos conexões valiosas e exposição no setor, embora o financiamento direto não fizesse parte do pacote.
A experiência Plug and Play
P: Você pode descrever como era um dia típico no programa Plug and Play?
R: As atividades diárias no Plug and Play eram bastante comuns, mas altamente eficazes. Eles se concentraram em nos ajudar a aperfeiçoar nosso argumento de venda e a preparar todos os materiais necessários para a apresentação aos capitalistas de risco. Essa assistência foi inestimável, especialmente considerando os anos de experiência e conhecimento que eles trouxeram para a mesa. Eles prestaram atenção a detalhes que poderiam parecer insignificantes, mas que, no final, fizeram uma diferença significativa em nosso sucesso.
P: Qual foi o grau de envolvimento dos mentores no programa?
R: A abordagem no Plug and Play foi muito sob demanda e adaptada às necessidades de cada participante. Como a Sateliot não foi minha primeira startup, a orientação não era nosso foco principal. Estávamos mais interessados em aproveitar a experiência deles em áreas específicas em que sentíamos que precisávamos de orientação. Seus mentores estavam prontamente disponíveis, permitindo que abordássemos diretamente nossos interesses específicos ou pontos fracos percebidos.
P: Olhando para trás, o que você diria que é o aspecto mais valioso do programa Plug and Play?
R: Sem dúvida, o recurso mais importante do programa Plug and Play são os recursos de rede. O programa é um dos mais renomados aceleradores, e o nível de investidores com os quais eles conectam você é incomparável. A oportunidade de interagir com um grupo tão diversificado e influente de investidores e especialistas do setor é o que faz com que o programa realmente valha a pena.

Desafios e marcos do Sateliot
P: Durante o seu tempo no programa Plug and Play, você enfrentou algum desafio ou experiência de aprendizado em particular?
R: Nosso objetivo com a Sateliot é estabelecer uma empresa global, um passo à frente de nossos empreendimentos anteriores, que eram nacionais ou internacionais. Essa ambição traz seu próprio conjunto de desafios e oportunidades de aprendizado. O aspecto mais valioso foi a possibilidade de fazer perguntas aos VCs e obter insights de alguém com uma perspectiva de VC. Foi esclarecedor ouvir de quem já esteve do outro lado da mesa.
P: Que impactos duradouros o acelerador teve sobre a Sateliot e você pode atribuir alguma conquista ao programa?
R: O programa melhorou significativamente nossos materiais de apresentação e nossa capacidade de alcançar investidores globais. Isso foi um grande ganho para nós. Desde que concluímos o programa, passamos da assinatura de Memorandos de Entendimento (MOUs) para a garantia de acordos vinculativos. Esses contratos vinculativos são muito mais valiosos; atualmente, temos mais de 100 milhões de euros em receita recorrente anual (ARR) proveniente desses contratos, o que é muito apreciado pelos investidores.
P: Sua trajetória de crescimento mudou após a aceleração e você pode compartilhar algum sucesso quantificável?
R: É difícil avaliar onde estaríamos sem o programa, mas ele certamente ajudou. Antes de nos unirmos à Plug and Play, já estávamos nos envolvendo com os clientes por meio de MOUs para demonstrar o interesse do mercado. No entanto, após a aceleração, observamos uma mudança para acordos vinculativos, o que é um desenvolvimento significativo para nós.
P: Você expandiu para novos mercados desde que concluiu o programa?
R: Nossos mercados-alvo continuam os mesmos. Como uma constelação de órbita terrestre baixa, temos inerentemente uma cobertura global. Nosso foco está nos mercados tecnologicamente avançados que sofrem com a falta de conectividade. Isso inclui partes da América do Norte, América do Sul, África e Ásia.
P: Você pode explicar melhor como o Plug and Play expandiu sua rede? Com quem você estava conectado?
R: As principais conexões que fizemos por meio do Plug and Play foram com capitalistas de risco. Atualmente, estamos fechando nossa rodada de financiamento da Série B e essas conexões têm sido cruciais. Os VCs que conhecemos estão interessados em empresas globais e de alto crescimento como a nossa.
P: Quais são os próximos marcos para a Sateliot, e você acha que o programa de aceleração influenciou esses marcos?
R: É difícil dizer quais marcos teríamos alcançado mais rapidamente sem o programa, mas nossas metas imediatas incluem fechar o financiamento da Série B e iniciar a fase comercial. Esses são os marcos que pretendemos alcançar no próximo ano.
Conselhos do fundador
P: Você tem algum conselho para as start-ups que estão pensando em se inscrever no Plug and Play ou em outros programas de aceleração?
R: É fundamental que as startups sejam criteriosas ao escolher um acelerador. Há uma grande variedade de opções, e nem todos os aceleradores oferecem o mesmo valor. Alguns podem ser incrivelmente benéficos, enquanto outros podem não oferecer o tipo certo de suporte ou conexões. Meu conselho é que você busque um dos aceleradores de primeira linha. É mais provável que elas ofereçam oportunidades significativas, como colocar você na frente dos investidores certos, o que pode fazer uma diferença significativa na jornada de uma startup. Optar por aceleradores menores pode não gerar o mesmo nível de benefícios ou exposição.